Cultura- As Festas dos Artistas
5 de Maio, 2017
As Festas dos Artistas
Hoje venho falar-vos sobre uma tradição da minha terra, há quem diga que é uma forma de cultura. Esta tradição está englobada na cultura popular, pois esta nasceu da vontade dos populares há cem anos atrás.
Segundo fontes de informação esta foi evoluindo desde uma fase, em que era apenas uma festa religiosa a São João Baptista para passar a ser uma festa com carácter estritamente local e artesanal com folhas de jornal que recortadas originavam peças maravilhosas em contexto floral, designando-se por festas dos artistas.
Esta festa realizava-se nos finais de agosto e princípios de setembro, aos fins de semana, mais tarde a duração do evento foi alargado para uma semana, não eram realizados todos os anos, só quando o povo manifestava essa vontade que consistia em ornamentar as ruas da vila de Campo Maior, da parte velha,e foi de tal forma o entusiasmo do povo que se começaram a celebrar de quatro em quatro anos dando lugar a um enorme evento cujo o nome passou a designar-se, festas do povo ou festas das flores.
O povo começou a perceber que estas podiam ser potenciadas através de um papel mais nobre e reproduzirem assim um enorme jardim florido em papel, pois como vivemos numa zona do alentejo muito quente esta matéria prima adequava-se na perfeição.
Não é fácil demarcar com rigor a data de começo das Festas do Povo de Campo Maior. As fontes mais antigas apontam para uma origem ligada ao culto de São João Baptista, o santo patrono que figurava no seu antigo brasão. Todos aos anos no dia 28 de Outubro, realizava-se uma missa solene seguida de uma procissão em honra de São João Baptista, na qual participavam solenemente as autoridades municipais que assumiam a organização e despesas de uma festa popular com iluminação nocturna das ruas, havendo bailaricos e descantes populares. Estranha data para tal celebração pois esse dia era consagrado a um outro santo: era o dia de S. Simão.
Esta tradição foi mantida, mas com interrupções mais ou menos longas em períodos de grandes crises como:
- A Guerra Peninsular, no início do século XIX;
- A Revolução Liberalista de 1820 e as guerras civis que se sucederam até meados
desse século.
Quase no final do século XIX, com a pacificação da sociedade portuguesa, a tradição foi retomada. Mas, devido à instabilidade meteorológica do mês de Outubro, as Festas foram recuadas para o mês de Setembro.
Em 1893, um grupo de jovens ligados às actividades de comércio e aos ofícios artesanais de loja aberta, resolveu reatar a tradição de fazer as Festas em Honra de São João Baptistaque tinham deixado de se fazer desde meados do século XIX. Estes jovens eram chamados de “artistas” por terem uma “arte” ou ofício, não ligado aos trabalhos agrícolas, actividade dominante da maioria da população. Daí que essas festas começaram a ser chamadas de Festas dos Artistas. Só mais tarde, na segunda década do século XX, a designação oficial de Festas em Honra de São João Baptista, foi mudada pela de Festas do Povo, significando que passara a ser toda a população que se envolvia na sua realização.
Desde que a tradição foi reatada em 1893, os jovens que promoveram as Festas, traçaram-lhe os projectos que se iriam manter durante quase todo o século XX: A ornamentação das ruas e a sua iluminação nocturna, um programa festivo do qual se destacavam as festas de igreja com missa solene e procissão, as alvoradas, os concertos pelas banda local ou pelas bandas convidadas de terras vizinhas, as touradas à vara larga, os bailes, os descantes populares e o fogo-de-artifício.
Termino Contemplando esta magnifica publicação sobre as festas dos artistas com um video de Fernando Pessa, datado de 1972, onde ao minuto 03:23 apareço eu e a minha mãe na janela da nossa casa.
Myranda Maria
Termino Contemplando esta magnifica publicação sobre as festas dos artistas com um video de Fernando Pessa, datado de 1972, onde ao minuto 03:23 apareço eu e a minha mãe na janela da nossa casa.
Myranda Maria
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